Ainda não faço ideia de como serão essas postagens, se serão semanais, quinzenais ou mensais - em breve faremos um post de caráter informativo sobre como serão as postagens desse ano, toda a programação direitinho (exceto sobre livros porque somos pré-vestibulandas e eu iniciei meu técnico esse ano. Calma gafanhoto).
Para começar, fiquei incitada a falar sobre a Rowling que, se você leu dos primeiros posts até aqui, sabe que tenho uma relação de grande amor com a escritora que preencheu a minha infância de fantasia e me carregou para o mundo da leitura. Porém, usando o meu lado mais racional, percebi que falar da Clarice Lispector seria uma maneira muito mais "wow" de iniciar. Então, vamos começar a discorrer sobre a vida dessa grande mulher!
Nascida em Chechelnyk, 10 de dezembro de 1920, falecida no Rio de Janeiro, 9 de dezembro de 1977; Clarice fora uma jornalista e escritora que nascera na Ucrânia e fora naturalizada brasileira. Quanto à sua brasilidade, Clarice declarava-se pernambucana.
O seu estilo literário era ímpar. Com livros marcados por singularidades e inovações linguísticas, a escritora encabeça a lista dos que mais incorporaram traços inéditos à literatura nacional.
A ficção clariceana se concentra nas regiões mais profundas do inconsciente, ficando em segundo plano o meio externo, pois quase tudo se resume à mente das próprias personagens. Portanto, Lispector é o principal nome de uma tendência intimista em nossa literatura. O ser, o estar no mundo, o intimismo formavam o eixo principal de questionamentos tecidos em seus romances introspectivos. Não centra sua obra no social, no romance engajado, mas sim no indivíduo e suas mais íntimas aflições, reproduzindo pensamentos das personagens.
Artifício largamente utilizado por James Joyce, Proust e, sobretudo, Virgínia Woolf, o fluxo da consciência marca indelevelmente a literatura de Clarice. Tal aspecto consiste em explorar a temática psicológica de modo tão profundo que o assunto nunca é completamente explorado, ou seja, as diversas possibilidades de análise psicológicas e a complexividade da temática contribuem para a inesgotabilidade do assunto. O fluxo da consciência indefine as fronteiras entre a voz do narrador e a das personagens, de modo que reminiscências, desejos, falas e ações se misturam na narrativa num jorro desarticulado, descontínuo que tem essa desordem representada por uma estrutura sintática caótica. Assim, o pensamento simplesmente flui livremente, pois as personagens não pensam de maneira ordenada, mas sim de maneira conturbada e desconexa. Portanto, é a espontaneidade da representação do pensamento das personagens que caracteriza o caos de tal marca literária.
O monólogo interior é outro artifício utilizado por Clarice que contribui para a construção da atmosfera introspectiva. Essa técnica consiste em reproduzir o pensamento da personagem que se dirige a si mesmo, ou seja, é como se o “eu” falasse pra si próprio. Registra-se, portanto, o mergulho no mundo interior da personagem que revela suas próprias emoções, devaneios, impressões, dúvidas, enfim, sua verdade interior diante do contexto que lhe é posto.
Clarice Lispector fora considerada por críticos literários, a pioneira no emprego da epifania na prosa brasileira. “No sentido literário, a "epifania" é um momento privilegiado de revelação, quando acontece um evento ou incidente que "ilumina" a vida da personagem.” Assim, pode-se dizer que nos textos de Lispector, o objetivo maior é o momento da epifania: por meio de uma espécie de revelação (o que se dá por meio de um fato inusitado), a personagem descobre que vive num mundo absurdo, causando um desequilíbrio interior que, por sua vez, provocará uma mudança radical na vida da personagem.
É também peculiaridade da autora a construção de frases inconclusas e outros desvios da sintaxe convencional, além da criação de alguns neologismos. Clarice não adota o padrão da gramática normativa, pois tem na valorização da expressividade do texto a regra primordial de sua literatura. Assim, as frases não são feitas com o rigor gramatical e coerente, mas sim com o primor e o viço da expressão artística.
A ficção clariceana se concentra nas regiões mais profundas do inconsciente, ficando em segundo plano o meio externo, pois quase tudo se resume à mente das próprias personagens. Portanto, Lispector é o principal nome de uma tendência intimista em nossa literatura. O ser, o estar no mundo, o intimismo formavam o eixo principal de questionamentos tecidos em seus romances introspectivos. Não centra sua obra no social, no romance engajado, mas sim no indivíduo e suas mais íntimas aflições, reproduzindo pensamentos das personagens.
Artifício largamente utilizado por James Joyce, Proust e, sobretudo, Virgínia Woolf, o fluxo da consciência marca indelevelmente a literatura de Clarice. Tal aspecto consiste em explorar a temática psicológica de modo tão profundo que o assunto nunca é completamente explorado, ou seja, as diversas possibilidades de análise psicológicas e a complexividade da temática contribuem para a inesgotabilidade do assunto. O fluxo da consciência indefine as fronteiras entre a voz do narrador e a das personagens, de modo que reminiscências, desejos, falas e ações se misturam na narrativa num jorro desarticulado, descontínuo que tem essa desordem representada por uma estrutura sintática caótica. Assim, o pensamento simplesmente flui livremente, pois as personagens não pensam de maneira ordenada, mas sim de maneira conturbada e desconexa. Portanto, é a espontaneidade da representação do pensamento das personagens que caracteriza o caos de tal marca literária.
O monólogo interior é outro artifício utilizado por Clarice que contribui para a construção da atmosfera introspectiva. Essa técnica consiste em reproduzir o pensamento da personagem que se dirige a si mesmo, ou seja, é como se o “eu” falasse pra si próprio. Registra-se, portanto, o mergulho no mundo interior da personagem que revela suas próprias emoções, devaneios, impressões, dúvidas, enfim, sua verdade interior diante do contexto que lhe é posto.
Clarice Lispector fora considerada por críticos literários, a pioneira no emprego da epifania na prosa brasileira. “No sentido literário, a "epifania" é um momento privilegiado de revelação, quando acontece um evento ou incidente que "ilumina" a vida da personagem.” Assim, pode-se dizer que nos textos de Lispector, o objetivo maior é o momento da epifania: por meio de uma espécie de revelação (o que se dá por meio de um fato inusitado), a personagem descobre que vive num mundo absurdo, causando um desequilíbrio interior que, por sua vez, provocará uma mudança radical na vida da personagem.
É também peculiaridade da autora a construção de frases inconclusas e outros desvios da sintaxe convencional, além da criação de alguns neologismos. Clarice não adota o padrão da gramática normativa, pois tem na valorização da expressividade do texto a regra primordial de sua literatura. Assim, as frases não são feitas com o rigor gramatical e coerente, mas sim com o primor e o viço da expressão artística.
Uma de suas obras que mostram bastante sobre essa sua forma reflexiva e esses momentos de epifania é o livro "A paixão segundo GH". A personagem não tem nome. Um certo dia, quando ela demite sua empregada, ela entra no quarto que pertencia a mesma e então encontra uma barata; GH decide matá-la e então prova seu sabor pois quer saber qual seria, então, o sabor da vida. A partir desse momento dá-se a sua iluminação na vida - à nível de informação, epifania significa momento em que determinada pessoa tem uma luz, um momento de clareza que muda tudo em sua maneira de ver o mundo.
(Vídeo do canal da Tati Feltrin - Tiny Little Things)
Sobre as obras de Clarice é sempre bom analisar também o momento literário que além de englobar suas maravilhosas obras, englobaram autores que marcam deveras a literatura até os dias atuais. Esse movimento literário fora o Pós Modernismo ou, como é chamado no geral, Geração de 45. Consistia basicamente em uma quebra de toda aquela bagunça que os Modernistas fizeram em toda a arte - eram eles: Oswald de Andrade, Vinícius de Moraes e Ariano Suassana. Ainda era algo acessível, mas não tanto como o Modernismo era; a literatura pegara uma área um tanto mais intimista e, em grande parte (para não dizer todos) dos autores, o uso do neologismo fora bem grande (Neologismo: criação de novas palavras e/ou expressões).
Não vou discorrer tanto sobre esses dois movimentos mas, se vocês quiserem, é só pedirem aqui que farei com o maior prazer ou, em breve, postarei por livre e espontânea vontade porque adoro literatura.
Espero que o post tenha sido de serventia para todos; algumas das informações utilizadas aqui foram fonte do blog - que não é mais atualizado - Estética Literária.
Bom, é isso.
Um beijo para todos que leram até aqui e até a próxima.
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